segunda-feira, 9 de junho de 2008

UP dá sorte!!!!!

É assim como o meu amigo João Janeiro decidiu chamar a dumbanenguização da Universidade Pedagógica a partir de 2006 (ou 2005?).
Ao usar a expressão UP dá sorte o meu amigo estava não só a pensar na UP como também lhe ocorria a defunta (ou moribunda?) empresa Moçambique dá Sorte que de um dia para outro apareceu e com a mesma velocidade não mais a vimos a olho nú. A propósito, alguém sabe dizer o que aconteceu com a milagrosa Moçambique dá Sorte? E com aqueles que tinham ganho premios plurianuais? Lembro-me que algumas pessoas tinham ganho como premio, o direito a fazer rancho grátis em determinados supermercados , durante algum período.
Tanto a UP dá Sorte como o Moçambique dá Sorte apareceram de um momento para o outro e começaram a distribuir prémios em que o requisito mais visível que se exigia ao interessado era a sorte. Só sorte bastava para se tornar milionário ou virar um universiário e passar a assistir aulas em anfiteatros improvisados em algumas ecolas primárias, como Lhanguene, Tunduro e outras.
Mas estes dois, também têm algumas diferenças, e a maior delas, quanto a mim, reside na transparência no acesso aos prémios que cada um confere/ia. Enquanto a UP dá Sorte teve nos seus tempos áureos a fama de ser pouco transparente, obscuro ou subjectivo no acesso aos seus prémios, o Moçambique dá Sorte, embora tivesse seus problemas, era razoavelmente transparente. Este último até fazia as suas extrações em público e se valia da Televisão para que os interessados pudessem acompanhar.
A UP dá Sorte, fez tudo menos clareza e, pior ainda , sem o cuidado necessário para se precaver daqueles que não gostam da cumprir a bicha. Não consiguiu evitar os mais apressados, e as consequências disso estão a vista de todos.
A falta de cuidado por parte da UP dá Sorte veio a lume hoje, com a publicação no Jornal Notícias de uma mega lista de Mafohlanes (violadores de fronteira) que beneficiaram dos seus prémios sem que para tal tivessem o básico. É uma lista extensa de estudantes que sem nunca concluirem o nível médio, falsificaram certificados e se aproveitaram da Sorte que a UP decidiu distribuir, numa acção provinciana de dumbanenguização do ensino superior.
O que está acontecer na UP é uma chamada de atenção a todos nós. Se queremos desenvolver este país, temos que começar a ensinar as pessoas a trabalhar a sério e nunca esperar pela sorte, porque nada vem sem sacrificio.
Para mim, a estória da sorte não vale. Não vale andar a dizer que perdemos com Costa do Marfim e com Botswana porque a sorte nos deu costas. Nada disso, perdemos porque não trabalhamos o sufuciente!!!!

15 comentários:

Júlio Mutisse disse...

O caso de certificados forjados detectado na UP não é fenómeno novo. Nem é exclusivo da UP. A UEM já nos brindou com situações similares.

Isso vai acontecer enquanto tanto as instituições como os valores que nos guiam continuarem fracos.

De facto a massificação do ensino superior patrocinada pela UP, deu sorte a muitos moçambicanos que, de outra forma, tendo em conta os critérios mais rigorosos da UEM, corriam o risco de secundarizar ou abandonar o sonho do ensino superior.

Foi essa falta de critérios, rigor aliada à uma preocupação generalizada com a quantidade em detrimento da qualidade que "lixou" um projecto que poderia ser de extrema utilidade para o país.

Graças a Deus o novo reitor pôs a mão na consciência e não há novos ingressos. Isto é, tal como a outra dá sorte, a UP deu sorte e suspendeu a operação na vertente extensão.

Espero que seja um recuo que permitirá à instituição repensar estes cursos de extensão e apetrechar-se a todos os níveis para que "dê sorte" com qualidade e rigor.

Um abraço.

Nelson disse...

"Graças a Deus o novo reitor pôs a mão na consciência e não há novos ingressos. Isto é, tal como a outra dá sorte, a UP deu sorte e suspendeu a operação na vertente extensão"

Não entendo a ultima parte desse paragrafo. "suspendeu a operação na vertente extensão" Como assim suspendeu? Tanto quanto eu saiba a vertente extensão esta tão activa pelo menos aqui na delegação da Beira onde faço Inglês no curso regular. Tenho amigos, colegas fazendo as "gestões" escolares, ambientais, e por ai em diante E para la estarem bastou quererem e poderem no final de cada mês desembolsarem os 1.900 meticais que são exigidos de mensalidade.Estou sabendo que se prevê um aumento já para o segundo semestre. Fala-se de 2.300. De qualidade vamos la não falar.

Júlio Mutisse disse...

Tanto quanto sei, a nível de Maputo, não há novos ingressos na vertente extensão, embora os que já lá estão continuem a estudar normalmente. Apenas isso.

Nelson disse...

Pois a nível da Beira houveram e tantos novos ingressos. Em alguns cursos(GAPDEC)ultimamente nem era preciso ter concorrido. Bastava juntar os documentos e dinheiro.Tenho informações que muitos deles estão desistindo na sua maioria por causa da cadeira de estatística que não facilita.

Jorge Saiete disse...

Obrigado Mutisse e Nelson. Fiquei a saber mais um pouco sobre os últimos desenvolvimentos da "UP dá sorte" e também não sabia que na Beira ainda jorra o leite da sorte. Parece, então, que o novvo reitor não consiguiu conter a dumbanenguização da sua universidade, que pena!!!

Nelson disse...

A olhar pelos lucros que essa tal "dumbanenguização" cria deve ser difícil pro reitor "fechar a torneira." So o primeiro ano de GAPDC conseguiu formar 4 turmas com uma media de 45 estudantes por turma. Multiplique-se isso por 1.900 Mt mensais.

Jorge Saiete disse...

Os lucros devem ser bem gordinhos. Só espero que os lucro sejam efectivamente postos ao serviço da instituição. Com a situação do INSS ando com muito medo, apesar de mamã Luisa nos tranquilizar!!!

Anónimo disse...

Ricardo Cossa/ comentário

Triste situacão que se verrifica nas instituicões do nosso, neste caso na UP.

A popularizaão do ensino superior, a preocupacão com os dados estatísticos e não com a cientificidade e qualidade do ensino mancham não só a UP, mas todos nos.

Eu sofro muito com esta triste situacão, ja que costumo viajar para fora do país, embora a falar varias vezes de Industria e comercio, area do meu trabalho, no exterior sou questionado por outras siruacões que ocrre no país, ja apareco como mocambicano.

Tou preparando uma viagem para Italia e Portugal, sei que por várias vezes serei interrogado por estas tristes situacões que nem estou a favor, mas infelizmente não tenho competencia para fazer parar.


Aconselho aqueles que tem poder ou influenciam na tomada de deci'sões seria ajudar na solucão destes problemas, não só da UP, como do INSS, acidente de trabalho caso da Cimento, Cerfificados falso, médicos falsos,etc

Reflectindo disse...

Eu fico ou sempre fiquei espantado quando pessoas que se reconhecem preguicosas aos estudos do nível médio ou básico se apostam ao trabalho mais duro: o ensino superior. Só deve ser porque essas pessoas sabem que podem ganhar o melhor prémio sem trabalho.

Ximbitane disse...

Um reparo? Uma chamada de atençao? Nao sei, algo me faz dizer que certas decisoes implementadas na UP, nao sao decisoes necessariamente tomadas pela UP.

Como é por todos sabidos, ainda que com a sua autonomia, a UP é umbilicamente ligada ao MEC. Se aparece o MEC a solicitar professores em grande escala a quem recorrem? Ao orgao que por norma deve velar pela formaçao de professores, logo a UP.

Os cursos por extensao, o nome ja de si é claro, pois a vocaçao da UP é formar professores teve o azar de ter sido mal estruturado no seu inicio. Estou em crer que passada a fase probatoria ou de experimentaçao em muito melhorara pois orgaos especificos para tais cursos estao a ser estruturados.

UP da sorte? Talvez sim, talvez nao. O facto de terem desfilado pessoas sem certificado nos anfiteatros da instituiçao de forma nenhuma sao por culpa desta. Se assim fosse, até hoje tais pessoas estariam nos anfiteatros e nao em casa por 3 anos.

Tal atitude mostra zelo por parte da UP, levou o seu tempo, mas chegou a vez e chegara a muitos outros pois nao é possivel duma so vez triar, enviar para verificaçao e confirmar que um certificado é verdadeiro ou falso.

Jorge Saiete disse...

Cossa,
na verdade a situação da UP envergonha a todos, eu espero que os responsáveis da mesma procurem corrigir a bagunça que criaram.

reflectindo,
muita gente gosta de beneficios que não exigem sacrificios. da mesma meneira que consiguiram certificados falsos no nível médio, devem ter pensado em usar as mesmas artimanhasd para consiguirem o certificado da Sorte

Ximbitana
eu espero que a restruturação esteja a acontecer mesmo contudo, gostaria de te sugerir que olhasses para o segundo comentário do Nelson, sobre o que está acontecer na delegação da Beira.
Abraço

Ximbitane disse...

Saiete, acredito que está sim! Na verdade, muitos dos problemas que houveram nesses cursos, por extensao, foi porque começaram como autonomos. Cada um fazia o que queria e como queria, e na Beira este ano assim foi.

Achas correcto mandar para casa um grupo de pessoas com sede de estudar apenas porque um tipo saltou as normas agora instituidas?

Unknown disse...

Oi J. Saiete! de facto a sua análise tem mesmo lógica. só não compreendo quando nos fala de regras rigorosas da UEM para o acesso a esta Instituição! porque se se refere aos exames de admissão mesmo pessoas com 2 valores de classificação acessam a esta instituição - a segunda questão é, o exame de admissão não dita a qualidade do educando porque hoje tenho referências formadas pela UEM mas que o acessaram sem obedecer esta regra.

o que Utui fez ou está fazendo é corrigir um erro que aliás não é somente da UP! as salas de aulas de baixo da mafureira e super lotadas se não estou em erro o senhor Jorge Saiete deve conhecer este sacrifício na pele...

O ensino em Moçambique ainda está longe de atingir o desejável em termos qualitatívos porque a preocupação ainda está na quantidade dos que nem essa educação sem qualidade ainda não podem ter por falta de meios, o que julgo sensato é a poiar os que tem vontade de ver Moçambique a ir para frente, melhoremos a nossa administração tudo vai mudar porque embora eu acredite na sorte diferentemente do caro JS, descordo que haja Países ricos e pobres talves Países bem e mal administrados.

Pense comigo

Jorge Saiete disse...

Optimo Chacate,
Feliz comentário. Trazes um debate bem antigo mas sempre actual: paises bem e paises mal administrados.

O único problema deste debate é de limitar a nossa análise por fazer um juizo de valores. "bem e mal" e nunca nos trazer os elementos que são tidos em conta para tais afirmações. Note que esta estória "do bem e do mal" é totalmente dscutivel. Os tigres Asiatico desenvolveram, é um facto. O que não sei é se foram/são bem ou mal administrados

Amiga Ximbitane
Não acho que devemos mandar a rua estudantes pelo que dizes. Alias, eles nem são culpados, a culpa quanto a mim, está com a cúpula da UP e eventualmente com a do MEC.

Abraço a todos e uma boa semana de labuta

Unknown disse...

Respeitoso JS., Em Administração o elemento que determina o "bem e o mal" é o próprio coeficiente de eficácia em relação ao investimento óptimo e real.

só acho que não é de bom tom para um individuo que reconhece a "facultatividade na Administra", o progresso do nível de satisfação económica e Humana dos asiáticos mas os elementos tidos em conta para se afirmar o "bem e o mal" mesmo assim embaceados para ele!...

Pensa comigo Js. Abraço