O presidente Machel achava que a criança moçambicana era uma flôr que nunca devia murchar. Ele apelava a todos moçambicanos para que acarrinhassem toda a criançada.
Como resposta ao apelo dele muitas iniciativas surgiram e ainda surgem em prol da criança. Infelismente, o tempo passa mas os problemas da crianças mantêem-se. Em Moçambique há, cada vez mais, crianças que são deixadas a sua sorte, sem o minimo de atenção, sem quem os possa garantir a assistencia fisica e emocional.
Neste mês de Junho todos somos chamados a a fazer algo em prol da criança. E, uma iniciativa de bloguista moçambicanos pela criança seria de todo louvável.
O que acham? Vale a pena?
Se sim, como, quando e onde tornar a ideia uma realidade?
Na sequencia do post acima, a Inez Andrade Paes, uma compatriota residente em Portugal escreveu-me um email a saudar a ideia e aproveitou para deixar o site do blog dela (já adicionado a direita). Nele, ela publicou um poema que pelo seu valor, decidi publica-lo para complementar o meu post.
ERA UMA VEZ
- Escrevi este poema a pensar nas crianças Moçambicanas que estão a ser levadas para a África do Sul -
ser mulher
bastou-me
para ficar presa a uma nuvem como recordação do meu único momento de infância
levaram-me pela mão pequenina dizendo que era bonito o lugar onde iacom cores diferentes que meus pés pisariam marcando minhas alegriase eu sorria
levaram-me pela mão pequenina com um punho cerrado de rebuçados
e eu alegre sorria
levaram-me pela mão pequenina para um sítio escuro e em cada passo deixei a alegria
no chão o brilho da prata dos rebuçados que eu queria
levaram-me pela mão onde a solidão não é segura
levaram-me pela mão e socaram meu peito
rasgaram meu vestido novo com as cores das flores que eu mais queria
única referência da família
e eu chorei
levaram-me pela mão e deram-me homens
que me disseram para acreditar e chamar-lhes tios
homens que usaram meu vestido para lavar meu sangue misturado nas pequeninas flores pintadas
e eu gemia em agonia
levaram-me pela mão e eu não queria
eu chorei no chão
jazia envolta em flores que um dia queria
sou mulher e olho-te a ti outra
mulher que por companhia me levaste um dia
e me deixaste na mão de imundos
sou hoje mulher e peço a quem me lê que o diga
estou presa
estou presa a uma nuvem que me trouxe até Deus
velo por ti criança que no chão vermelho de sangue recolhes as tuas flores
as apertas no peito para sonhar o único momento em que nossas mãos se tocam
é-te devolvida a luz do dia e se mistura numa correria entre campos de mapira
7 de Março de 2008
Inez Andrade Paes
4 comentários:
Quanto mais não seja pelas notícias que dão conta do abuso de menores algures AQUI em Maputo.
Se não podermos fazer por TODAS pelo menos façamos algo por aqueles meninos sexualmente abusados por pretensos professores do islão.
Segundo a TVM estes meninos estão no infantário 1º de Maio e os pais (em Niassa, Zambézia etc) recusam-se a recebê-los de volta.
1 Kg de arroz, 1 de farrinha 1 Litro de Óleo seria de uma mais valia incrível para aquele infantário. Se formos muitos a dar então...
Hoje é sexta, isso pode implicar cortes em alguns consumos mas, acredito será por uma boa causa.
Obrigado Mutisse, eu concordo que temos que fazer algo por esses meninos que viram seus sonhos virando em pesadelos. Vamos ver o que os outros bloguistas dirão. Abraço
Penso que estas crianças têm que ser amparadas, Moçambique é enorme e muito rico, de fronteiras totalmente abertas a pessoas de bem e a pessoas de má índole. A Europa está cheia de exemplos. África é para muita gente o oásis nesse sentido.
Obrigada pela divulgação no teu blog de um poema que fiz com um sentimento muito forte. Haja gente que se junte e forme protectores legais e dentro de normas que Moçambique aceite e que acima de tudo proteja a criança. Muitas vezes a questão burocrática nos países, não deixa que se prossiga com causas vitais e tudo roda em volta da economia infelizmente...mas há sempre uma forma desde que haja vontade.
Júllio Mutisse fala-nos dos "meninos sexualmente abusados por pertensos professores do Islão" - há que chamar a atenção aos que são professores e não querem de maneira nenhuma juntar-se a esse rol de gente imunda - este é um primeiro passo urgente.
Há que continuar a ver o brilho de alegria nos olhos das crianças.
Inez Andrade Paes
Olha só, grande ideia! E isto tinha-me passado despercebido. Eu entro!
Quando?
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