terça-feira, 2 de outubro de 2012

Sr. Dhlakama! Podemos nos reconciliar?


O país celebra a passagem de 20 anos da assinatura dos acordos de Roma. Acordos que, para a família Saiete, representaram apenas o calar das armas e não a paz. É que a paz significa muito mais do que um simples cessar-fogo. A paz significa reconciliação, não só, entre os contendores mas também entre àqueles e os cidadãos que não tendo nenhum interesse no conflito acabam sofrendo os seus efeitos.
 
A minha família, como tantas outras, sofreu com a guerra e 20 anos depois não vive a paz que é direito de todos moçambicanos. É que a nossa paz nos foi roubada em 1985 por cerca de duas dezenas de guerrilheiros da Renamo que impiedosamente entraram em nossa casa, lá para o interior de Morrumbene e capturaram o meu irmão Bernardo.
 Na altura mano Beri ou Berinadwane, como carinhosamente o tratávamos, tinha apenas 11 anos, ou seja sem idade para entender de política e muito menos para ser militar de qualquer exército dirigido por gente coerente.
É que se o objectivo da Renamo era derrubar o governo, não consigo entender como é que os homens de Dlhakama terão perdido e foco e descarregado a sua fúria sobre uma criança inocente de apenas 11 anitos.  
Berinadwane não representava nenhuma ameaça para Dlhakama  e porquê é a Renamo o levou?
Ao comemorarmos 20 anos dos acordos de Roma, seria de bom tom que Dhlakama viesse nos responder as seguintes questões:
  1. Onde anda o cidadão Bernardo Eugénio Saiete, capturado pelos seus homens em Mocoduene, distrito de Morrumbene em 1985?
  2.  Esta ele vivo ou morto? Se morreu, onde é que o sepultaram?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

PORQUÊ ELOGIAR?

Porque todos aqueles deitaram para as ofertas de Deus do que lhes sobeja; mas esta, da sua pobreza, deitou todo o sustento que tinha" (Lucas 21:4).
"Filha, a tua fé te salvou" (Marcos 5:34).
Hoje é segunda-feira e antes que a “fissora” me peça para apresentar a o TPC, vou já terminar a minha redacção sobre o fim-de-semana. Queria alertar para o facto de ao longo do weekend muita coisa ter acontecido e que apenas irei relatar dois momentos mais marcantes, começando pelo evento de ontem, domingo.
 Bem, ontem logo cedo fui, como habitualmente, ao culto dominical e a pregadora levava uma mensagem retirada do primeiro e do terceiro livro do Novo Testamento, Mateus e Lucas. Em Mateus ela foi buscar a história da mulher pobre. Aquela mulher que entregou ao Senhor as únicas (duas) moedas “de prata” que tinha em sua vida. O gesto daquela mulher foi enaltecido por Jesus. É que enquanto os demais “deitaram para as ofertas de Deus do que lhes sobejava, a mulher pobre, deitou todo o sustento que tinha" (Lucas 21:4).
Em São Lucas, a pregadora foi trazer uma outra mulher. Desta vez, se trata de uma mulher que padecia de uma doença rara e já na fase terminal. O interessante é que a mulher sabia que Jesus a poderia curar, no entanto, ela tinha de ter força e energia suficientes para poder enfrentar uma enorme multidão que cercava o Salvador, até alcança-Lo e ao menos tocar em suas vestes. A bíblia conta que a mulher enferma usou toda a sua força e conseguiu os seus intentos. Desta história a parte mais interessante reside no facto de Jesus ter enaltecido o gesto daquela mulher, como uma verdadeira demonstração de fé: "Filha, a tua fé te salvou" (Marcos 5:34).
Tanto em Mateus como em Lucas, Jesus elogia o esforço e a determinação daquelas mulheres. Ele, mesmo consciente do passado pecaminoso delas, enalteceu a fé demonstrada pelas atitudes que as duas mulheres acabavam de tomar.
Jesus usa, nas duas situações, o elogio como uma forma de encorajar as duas mulheres e aos demais a compreenderem o valor do bem. Jesus prefere não as repreender por causa dos erros do passado e que na lógica da sociedade em que viviam, a pobreza da primeira mulher e a longa hemorragia da segunda eram consequências naturais dos seus pecados.  
Eh pessoal! Há que se recordarem de que estamos perante uma redacção e porque na minha turma somos 69 para uma única “fissora” tenho que evitar me alongar para permitir que ela tenha espaço e fôlego para as redacções dos outros colegas.
O outro evento que me marcou e que vale a pena partilhar é o Nkobe Pork festival organizado pelo meu amigo e vizinho Lazaro Bamo. O encontro contou com convidados de luxo, como eu. Sim, eu sou de luxo. É que Bamo não convida qualquer manambwa(?). O evento que contou ainda com a presença de gente lúcida e esclarecida como Vaz, Nero, Nadja (coitado de mim que com o meu matswa accent não conseguia pronunciar este nome), Nyikiwa, Mutisse, Mbambamba, Mapengo, Colaço, a MP sensação (Soares), Mussá, Alfazema e tantos outros jovens e madalas esclarecidos deste Moçambique. Na lista dos madalas, há que destacar a presença do edil da Matola, o tal que ficou por reabilitar a Avenida de Nkobe.
Antes que a “fissora” me acuse de ter feito uma redacção com dois eventos em que um não tem nada a ver com outro, além do facto de eu ter participado nos dois, vou já apresentar a ponte.
O primeiro evento nos recomenda a usar o elogio como uma forma de encorajar as boas praticas, acções e ou atitudes que os nossos semelhantes tomam. E é isso que eu quero aqui fazer. Elogiar ao Bamo por ter tido a boa e oportuna ideia de reunir jovens de diferentes vivências e sensibilidades “em volta de um porco”. Com a merecida ressalva de a factura “todinha” ter ficado para ele, como bom hospedeiro.
Mas se Jesus no ensina a usar o elogio como arma de mobilização para o bem, então há que recordar que, uma boa parte de jovens esclarecidos, deste país, tem não raras vezes se esquecido de elogiar as boas praticas que o nosso governantes tem tido. Muitas vezes nós enxergamos apenas o que é mau e raras vezes encorajamos ou elogiamos o que de bom ou saudável é feito.
Porque o elogio é um instrumento valioso na construção de plataformas ou pontes que nos levam a sã convivência futura, sou de opinião de que sempre que possível devíamos elogiar as boas acções das pessoas que elegemos, da mesma forma que as criticamos quando justificado!