quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Quando o Governo recua!

Coisa jamais imaginada na nossa jovem democracia acaba de acontecer. O Governo recuou na sequencia dos tumultos da última terça feira em Maputo.

É que na semana passada o Governo e a Fematro acordaram em actualizar, a partir de 5 de Fevereiro, as tarifas dos transportes semi-colectivos de passageiros, vulgo chapa 100, para 7.5 e 10,00 Mt para distâncias menores e maiores a 9 km dentro das cidades de Maputo e Matola, respectivamente.

A explicação que se nos foi dada era de que tudo se devia aos aumentos sistematicos do preço do barril de petroleo no mercado internacional e que como forma de conter os custos operacionais dos chapeiros e.. ATIRAR A BATATA QUENTE PARA O JÁ ROTO BOLSO DO PACATO CIDADÃO se tinha decidido em actualizar as tarifas. Até ai parecia tudo bom, afinal a experiencia mostrava que o moçambicano é um "Yes Citizen".

Sem que ninguem dos decision makers se aperbece, os utentes dos chapas foram se mobilizando e logo pela manhã da terça feira levantavam-se, em muitos bairros perifericos, motins populares contra a subida do preço do chapa 100. Os manifestantes estavam tão decididos que nem se importavam das faltas que poderiam ter por não se fazer presentes em seus jobs.

Enquanto as manifestações decorriam, a TVM e a RM faziam vista grossa e ouvidos de marcasdores, a TV onde a Gente se Vê, ia incansavelmente mostrando Maputo a arder literalmente. O povo não vergava mesmo perante discurso pouco bonitos de representantes dos chapeiros no programa Opinião Pública da STV.

Perante a magnitude do motim o Governo aparece naquela noite a anunciar o recuo, como quem atira a toalha ao chão depois de uma boa derrota. Aquele anuncio veio que nem uma lufada de ar fresco para todos mas também criou vários debates. O ponto que se coloca é, que mensagem o Governo quer transmitir ao recuar da sua decisão anterior? Que ilações podemos nós tirar desta actuação?

O Governo terá se sentido impontente ante a pressão popular? Alguem do Governo terá acordado imbuido de algum espirito humanista? O Governo compreendeu que tinha ido longe demais? Porque é que não entendeu isto antes? Não foram feitos estudos antes de se decidir em actualizar o preço do chapa? O que devemos nós concluir?

Se a actuação do Governo levanta uma série de questões deficies de responder, uma coisa é certa: O RECUO PODERÁ CRIAR UM PRECEDENTE BEM GRAVE NA SUA RELAÇÃO COM O POVO. É QUE SEMPRE QUE AS POPULAÇÕES DESCORDAREM VÃO SE AMONTINAR.
Eu sou um dos benefiados directamente deste recuo. É que de Nkobe onde resido para o meu local de trabalho, devo apanhar 2 chapas. imaginem pagando 10.00Mt cada! Gastaria sozianho 40 meticais em chapa diariamente. Ahhh, que bonito recuo...

2 comentários:

Nelson disse...

Caro Jorge,a ideia de que oque aconteceu na terça é "Coisa jamais imaginada", que fomos "achados de surpresa", sugere quanto a mim a muita limitação na imaginação. Subestima-se oque uma massa descontente pode fazer e subestima-se por ignorar oque pode causar tal descontentamento numa massa. Se o governo tivesse feito as contas que vejo sendo feitas por aqui. Procurasse encaixar essas novas tarifas dos chapas num salário mínimo. Procurasse entender como se "arranjaria" um pai de 5 filhos em idade escolar que teria que gastar perto de 100 Mt/dia. Eu tenho certeza que oque aconteceu não seria surpresa. Se na altura da concertação entre o governo e a FEMATRO tivesse se ouvido o povo tenho certeza que não nos surpreenderiamos como os acontecimento da terça. Os que faziam vista grossa por exemplo não deviam estar assim tão surpreendidos com oque estava acontecendo porque ao contrário pelo menos a curiosidade lhes teria levado ao centro dos acontecimentos.
O recuo do governo para além de "abrir um precedente" como correctamente vem se dizendo, mostra claramente que ao optar pelo agravamento das tarifas o governo fê-lo antes de se esgotarem todas as alternativas.
Antes de partir parabenizar-lhe por este espaço. Estou lhe acrescentando aos elo do meu blog(http://meumundonelsonleve.blogspot.com)
Abraços do Chiveve

Jorge Saiete disse...

Nelson, muito obrigado pela tua visita, prometo acrescentar o teu blog aos meus elos.

Claro que o Governo tinha muitas opções mas não quiz fazer uso delas, preferindo colocar a caroça a frente dos bois e a consequencia é o que todos vimos.
abraço