quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Onde arranjou dinheiro? Hein..?

Vão tentar nascer aqui em Moçambique capitalistas pretos - a chamada burgesia nacional. Aqueles que tem vocaçao capitalista, agora com chegada da independência, estão a deitar a barba agora, nã é ?
(Aplausos) Ganância de fazer resuscitar o colegio Luis De Camões. Agora que foi... Que faliu o dono, vou ser eu. Como sou preto vão tolerar explorando outros pretos, heu! (Aplausos). É que no sistema capitalista o médico quando estuda é para explorar. O medico, o medico não quer fazer outra coisa que se não fazer votos para que haja muitos doentes. Havendo muitos doentes, terá muito dinheiro. Ouviram? (Ouviram) Ouviram? (Ouviram). Agora o conhecimento é um instrumento explorador no sistema capitalista.
O conhecimento do individuo - estudou um poucozinho ou licenciou-se. Bem, tem o seu diplomazito, pronto, esta pronto, esta autorizado a explorar. Faz lá...segui as...seguiu lá...Letras. É o senhor doutor, chegou aqui senhor doutor, senhor doutor, doutor de explorar. Ouviram?(Ouviram) . Nao é doutor para ensinar o povo. Doutor aonde também, com um conhecimento bastante reduzido, pequinito, fraco, débil, que necessita de outros, do apoio dos outros. Ele não produz, senão uma repitiçao daquilo que foi inculcado pelo capitalismo. É uma repitiçao. Não cria absolutamente nada. Porque está isolado do povo, está isolado da prática.
A primeira ganância, primeira ganância, criar colegios. Quem vai a esses colégios? É o povo? Quem vai la ? Quem vai lá? Quem vai lá? A escola deixa de ser a base para o povo tomar o poder. É ou não é? (É). Passa a ser um instrumento de exploraçao. É ou não é? (É). Não queremos em Moçambique. Não queremos isso em Moçambique. Nao há lugar para exploradores aqui. Preto ou branco não pode explorar o povo. O dever de cada um de nós - dar tudo ao povo. Sermos últimos quando se trata d beneficios. Primeiro quando se trata de sacrificio. Isso é que é servir o povo. Servir o povo. O nosso conhecimento deve morrer na terra. Os nossos conhecimentos devem ser examinados constantemente pelo povo. Ouviram camaradas? (Ouviram), Ouviram? (ouviram).
Alguns ja estao a organizar para comprar dez tractores. Ja exploraram a zona onde irão produzir. Nao é assim? Nao há produçao individual em Moçambique. Produçao colectiva, para colectivamente matarmos a fome, matarmos a miséria no nosso país. Ouviram? (Ouviram) Ouviram? (ouviram).
Porque estes individualistas são, ao mesmo tempo, instrumentos do imperialismo, não são eles? Onde vão encontrar o dinheiro? Vocês todos são pobres aqui. Pobres todos aqui, todos!. Daqui a três anos nós vamos ver alguns a levantar edificios de quinze andares. Onde arranjou o dinheiro? Onde arranjou o dinheiro? Hem? Nao é vocês aí! Voces aí! E nós aqui também! E nos também aqui!. Estou a dizer a vocês e nós também. Se eu levantar um predio, façam o favor de me perguntar. Ouviram? Perguntar, "entao camarada Samora aonde arranjou o dinheiro? Três anos? (Risos, aplausos). Três anos de indepedência! Camarada Samora, então onde está o povo agora? O povo também ja tem muitos predios?" Estão a ouvir? (Estao!).
Temos d combater contra os exploradores do povo, e se pudermos liquidar ainda no estado embrionário, matar o pintainho no ovo, hem?
Discurso de Samora Machel, 14 de Junho de 1975, cidade da Beira

10 comentários:

Chacate Joaquim disse...

Samora era só ele meu irmão!...

Julio Mutisse disse...

Uma era que não volta meu irmão. A linha samoriana de então foi se, era insustentável... caiu com a derrocada da URSS e/ou com a queda do muro de Berlim (se é que podemos separar uma coisa da outra hehehehe).

Agora, o importante não é jogar aquele discurso para o lixo. Há licões que continuam úteis hoje no nosso contexto. A ideia da exploracão, a ideia de ensinar o povo, a ideia de se pavonear com os títulos adquiridos na escola etc.

É um discurso ainda muito útil, feito por um homem que será sempre uma referência, um ídolo para mim.

Reflectindo disse...

Daqui a três anos nós vamos ver alguns a levantar edificios de quinze andares. Onde arranjou o dinheiro? Onde arranjou o dinheiro? Hem? Nao é vocês aí!

Perguntas que ninguém responde e a Siba-Siba Macuácua mandaram calar para sempre. Penso que ele diria-nos onde alguns deles arranjaram o dinheiro

Jorge Saiete disse...

Isso Chacate e o homem só se igualava a ele mesmo. Ops: FAMBA DIC UYA TEKA BI GA WENA MUFANA, MINA SE NZI TEKILE

Jorge Saiete disse...

"Agora, o importante não é jogar aquele discurso para o lixo. Há licões que continuam úteis hoje no nosso contexto. A ideia da exploracão, a ideia de ensinar o povo, a ideia de se pavonear com os títulos adquiridos na escola etc."

Julio,
resumes tudo o que precisamos fazer com o legado de Samora.
é uma grande verdade que já não há espaço para ressuscitar e pôr em pratica toda a sua linha ideologica mas podemos aproveitar muita coisa, sobretudo aquilo que se chama ética governativa.

Samora tinha bem assente a ideia de que governar era servir e não o inverso. Samora procurava sempre minimizar as barreiras que resultam na dicotomia "Nos vs Eles" e isso tornava a sua governação muito aceite pelas populações.

Ressalvando, claro, alguns excessos normais em mortais.

Jorge Saiete disse...

Reflectindo meu irmão, que não mora a nossa fé! Eu acredito que tarde ou sendo outro Siba Siba ou Cardoso nos virá dizer onde fica jazigo do dinheiro que é usado para erguer predios.
Os Israelitas levaram 40 anos a caminho da terra prometida e no fim, do dia, chegaram....

Ximbitane disse...

Onde arranjou, mesmo? Eu também quero! Hehehehehe, houve homens...

Jorge Saiete disse...

Não nos querem mostrar o poço Xim, é segredo dos deuses

Nelson disse...

Não precisa de muito esforço para pelo menos ter uma suspeita. Come on people.
P: Onde é que os membro da Polícia de trânsito(nem todos) aranjam dinheiro?
R: Nas multas arbitrariamente inventadas para forçar o automobilista a "soltar" uns quinhentos paus.
P: Onde é que os fiscais da agricultura estacionados no posto de contro do Dondo aranjam dinheiro?
R: Nos camiões transportando madeira ilegal, mal cubicada e etc.
P:Onde...
NEM TODOS é claro e sublinho. Vamos só colocar a imaginação a funcionar

Jorge Saiete disse...

heheheheh, Nelson já começou a nos trazer respostas.
mas como não servem a todas situações, vale a pena continuarmos a perguntar. Onde arranjou dinheiro, heim?