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quarta-feira, 29 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Alimentos não são uma mercadoria qualquer
Nos passados dias 1 e 2 de Setembro, assistiu-se em alguns bairros populares da cidade de Maputo, capital de Moçambique, e na cidade da Matola, uma cidade da cintura industrial de Maputo, a manifestações populares de grande violência, saque de bens alheios, públicos e privados, por parte de alguns elementos da população, e a uma repressão muito violenta da parte das forças policiais, podendo se deplorar a morte, por bala, de treze pessoas confirmadas, entre as quais duas crianças.
A UNAC, União Nacional de Camponeses, condena tanto o uso da repressão cega e da força letal por parte das forças da ordem, como a destruição gratuita de imóveis, veículos, bombas de gasolina e outras estructuras físicas por parte de elementos da população. Além disso, a UNAC deplora profundamente a morte de inocentes, que se encontravam no local errado na hora errada. Nossos votos para que, num país que se diz “ estado de direito”, uma situação destas não se repita NUNCA MAIS.
Um dos elementos que estão na origem desses levantamentos populares é a subida do preço do pão – quase simultánea com o incremento das tarifas de energia eléctrica, do fornecimento da água potável e dos combustíveis (esses últimos tendo conhecido incrementos regulares nos passados meses). A tensão no seio do povo já estava presente há meses devido ao aumento do custo da vida. Lamentamos que mais uma vez, quem é de direito não se tenha dado conta até as manifestações da semana passada acontecerem.
O pão, embora Moçambique não seja produtor de trigo, tornou-se um alimento diário básico para milhares de famílias moçambicanas do meio urbano. Sabe-se que o trigo, tal como outros bens alimentícios, é cotado nas bolsas mundiais, tornando-se assim um bem com valor muito volátil e sujeito à especulação, que depende dos altos e baixos dos mercados. No presente caso, o aumento do preço do trigo a nível mundial, seria derivado, entre outros motivos, do corte no seu fornecimento pela Rússia, que foi vítima, nas passadas semanas, de incêndios de grande amplitude, que atingiram as zonas produtoras desse cereal. Como então se justifica que incêndios no mato Russo possam ter consequências tão desastrosas para populações africanas, e mais particularmente moçambicanas?
Avaliando a situação que acabamos de assistir no nosso País (que provavelmente repetir-se-á não só em Moçambique mas também noutros países africanos, tal como aconteceram, em 2008 e pelos mesmos motivos, as chamadas “revoltas da fome” com o aumento do preço do arroz em vários pontos do continente e não só) fica óbvio que “há algo de podre no reino da globalização”. De realçar que mais uma vez, os países do chamado “terceiro mundo” são vítimas das crises que o “mundo desenvolvido” produziu. Daí nossas fortes dúvidas se realmente é esse o modelo que nós, os chamados “países pobres”, devamos seguir.
Como UNAC, reiteramos hoje o que temos estado a exigir a nível nacional, mas também a nível internacional dentro da Via Campesina: os nossos governos – e o governo moçambicano em particular - têm que levar a cabo compromissos políticos a longo prazo, por forma a reconstruir as economias alimentares nacionais. Os países doadores têm um peso extremamente grande no orçamento geral do País. Apelamos aos Governos destes países para observarem os compromissos de Paris e Accra no que concerne ao respeito pela soberania nacional na definição da agenda do nosso País.
A grande prioridade deve ser dada à produção alimentar doméstica para minimizar a dependência do mercado internacional. Os camponeses e pequenos agricultores devem ser estimulados, através de melhores preços para seus produtos e mercados estáveis, para produzir alimentos para si, para suas comunidades e para as cidades. Isto significa um aumento do investimento na agricultura do sector familiar, em pequenas e médias explorações para fazer face ao mercado interno, assim como medidas para controlar as importações baratas de bens alimentares.
A UNAC quer insitir aqui no termo “agricultura camponesa”, por oposição à “agricultura de grande escala virada a exportação”: a agricultura camponesa significa que ela basea-se nos camponeses e nas camponesas, que desempenha uma função social e cultural, zela por uma produção alimentar de qualidade, orgânica e adaptada aos hábitos e costumes alimentares locais, livre da especulação nas bolsas mundiais.
A UNAC insiste na necessidade de se olhar de forma mais positiva para a agricultura camponesa. As políticas neoliberais foram gradualmente formatando a alguns de nós, de que “os camponeses só produzem para a subsistência”, portanto “não é com eles que se pode dar o salto qualitativo para o desenvolvimento e o que é preciso é que a agricultura seja negócio e mais negócio”, daí a paranóia da agricultura de grande escala ou “agribusiness”. Vários exemplos em defesa desta argumentação nos são apresentados e que, portanto, é ela que devemos seguir. Isto é o que se propaga e implementa nos países ditos desenvolvidos e não só.
O que acontece é que as crises alimentares vão sucedendo uma a outra periodicamente à medida que se avança nesta direcção. É verdade, todavia, que os países que praticam este modelo produzem muito mais do que necessitam, mas uma grande parte da sua população passa fome. Um exemplo muito badalado deste modelo é o da nossa vizinha África do Sul. Sabe-se, todavia, que neste país há milhões a passarem fome e até em alguns casos pior que nas nossas zonas rurais, disso não se fala. É aqui onde está o problema.
O sector familiar beneficiando de incentivos e com políticas que levem ao seu crescimento - acesso ao crédito, terra, água, tecnologias, serviços adequados de extensão - pode produzir muito mais, assim como, logo à partida, contribuir grandemente para a distribuição. A produção e a distribuição vêm em cadeia. Não é necessário que os produtores de alimentos sejam comerciantes especuladores de comida para dar um forte contributo ao desenvolvimento sustentável e à Soberania Alimentar dos povos. Isto é que deve ser profundamente analisado, porque erro maior, é permanecer no erro!
Acontecimentos como os da semana passada em Moçambique corroboram com a nossa perspectiva de luta: os alimentos não são uma mercadoria qualquer. É inaceitável que uma população, na sua maioria pobre, fique à mercê dos mercados mundiais para comer ou não comer, quando um País como Moçambique possui terras e recursos naturais mais que suficientes para assegurar alimentos, tanto para o campo como para as cidades.
Saudámos as medidas anunciadas pelo Governo Moçambicano no passado dia 7 de Setembro, para conter os aumentos de preços e acalmar os espíritos. No entanto, solicitamos o Governo para avançar com medidas sustentáveis a longo prazo, para que as que foram tomadas não passem de meros paliativos, sem que todo o sistema alimentar do nosso país seja revisitado. Solicitamos ainda o Governo para melhorar os mecanismos de colaboração com os camponeses e as camponesas nos planos governamentais para o futuro.
Como UNAC, nosso dever e nossa missão é de continuar a lutar para que as familias moçambicanas, das cidades e do campo, enfim, nosso País como um todo, alcance a Soberania Alimentar.
Posicionamento da União Nacional de Camponeses
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Onde arranjou dinheiro? Hein..?
Vão tentar nascer aqui em Moçambique capitalistas pretos - a chamada burgesia nacional. Aqueles que tem vocaçao capitalista, agora com chegada da independência, estão a deitar a barba agora, nã é ?
(Aplausos) Ganância de fazer resuscitar o colegio Luis De Camões. Agora que foi... Que faliu o dono, vou ser eu. Como sou preto vão tolerar explorando outros pretos, heu! (Aplausos). É que no sistema capitalista o médico quando estuda é para explorar. O medico, o medico não quer fazer outra coisa que se não fazer votos para que haja muitos doentes. Havendo muitos doentes, terá muito dinheiro. Ouviram? (Ouviram) Ouviram? (Ouviram). Agora o conhecimento é um instrumento explorador no sistema capitalista.
O conhecimento do individuo - estudou um poucozinho ou licenciou-se. Bem, tem o seu diplomazito, pronto, esta pronto, esta autorizado a explorar. Faz lá...segui as...seguiu lá...Letras. É o senhor doutor, chegou aqui senhor doutor, senhor doutor, doutor de explorar. Ouviram?(Ouviram) . Nao é doutor para ensinar o povo. Doutor aonde também, com um conhecimento bastante reduzido, pequinito, fraco, débil, que necessita de outros, do apoio dos outros. Ele não produz, senão uma repitiçao daquilo que foi inculcado pelo capitalismo. É uma repitiçao. Não cria absolutamente nada. Porque está isolado do povo, está isolado da prática.
A primeira ganância, primeira ganância, criar colegios. Quem vai a esses colégios? É o povo? Quem vai la ? Quem vai lá? Quem vai lá? A escola deixa de ser a base para o povo tomar o poder. É ou não é? (É). Passa a ser um instrumento de exploraçao. É ou não é? (É). Não queremos em Moçambique. Não queremos isso em Moçambique. Nao há lugar para exploradores aqui. Preto ou branco não pode explorar o povo. O dever de cada um de nós - dar tudo ao povo. Sermos últimos quando se trata d beneficios. Primeiro quando se trata de sacrificio. Isso é que é servir o povo. Servir o povo. O nosso conhecimento deve morrer na terra. Os nossos conhecimentos devem ser examinados constantemente pelo povo. Ouviram camaradas? (Ouviram), Ouviram? (ouviram).
Alguns ja estao a organizar para comprar dez tractores. Ja exploraram a zona onde irão produzir. Nao é assim? Nao há produçao individual em Moçambique. Produçao colectiva, para colectivamente matarmos a fome, matarmos a miséria no nosso país. Ouviram? (Ouviram) Ouviram? (ouviram).
Porque estes individualistas são, ao mesmo tempo, instrumentos do imperialismo, não são eles? Onde vão encontrar o dinheiro? Vocês todos são pobres aqui. Pobres todos aqui, todos!. Daqui a três anos nós vamos ver alguns a levantar edificios de quinze andares. Onde arranjou o dinheiro? Onde arranjou o dinheiro? Hem? Nao é vocês aí! Voces aí! E nós aqui também! E nos também aqui!. Estou a dizer a vocês e nós também. Se eu levantar um predio, façam o favor de me perguntar. Ouviram? Perguntar, "entao camarada Samora aonde arranjou o dinheiro? Três anos? (Risos, aplausos). Três anos de indepedência! Camarada Samora, então onde está o povo agora? O povo também ja tem muitos predios?" Estão a ouvir? (Estao!).
Temos d combater contra os exploradores do povo, e se pudermos liquidar ainda no estado embrionário, matar o pintainho no ovo, hem?
Discurso de Samora Machel, 14 de Junho de 1975, cidade da Beira
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Medidas que Guebas não tomou
1. Acabar com as desnecessárias passeatas em helicópteros. O PR pode muito bem visitar as provincias usando outros meios (incluindo aviões comerciais da LAM) em vez de gastar avultadas somas em aluguer de helicopteros.
2. Acabar com os beneficios fiscais às grandes empresas (como a Mozal). É tempo de Guebas pensar na justiça tributária.
3. Acabar com as restrisções à importação do frango, e assim poupar o bolso do "maravilhoso povo" moçambicano. O frango nacional custa uma fortuna....Tragam-nos de volta a magricela brasileira que é barrata... Não é razoavel continuarmos a proteger uma industria avicóla nacional que já deu mostras de ineficacia em todos sentidos.
4. Acabar com as casas de cambio "piratas" que distorcem o nosso mercado cambial. Será que Guebas não sabe que muitos vendedores do mercado Central de Maputo são também "candongueiros de taco?"
5. Acabar com o ócio no sector público. O estado não pode se dar ao luxo de pagar salários a gente que não acresce valor algum. Os que pregam revolução verde no MINAG já deviam nos apresentar algo palpavel... E os pregadores do envagelho da jatropha e ou de biocombustiveis no Ministério da Energia (cadê resultados?)
6. Acabar com aqueles que mancham a sua governação, com descursos belicistas e que em nada contribuem para estabilidade social. Há que chamar à razão o ministro Pacheco para que saiba falar com "o maravilhosos povo", sobretudo em momentos de convulsoes sociais.
7. Acabar com fuga ao fisco, muitas vezes, patrocinada por aqueles que a deviam combater;
8. Acabar com exorbitantes mordomias dadas aos companheiros da escolinha da soneca;
9. Acabar com despesas em acções que não se mostrem prioritárias para o estágio actual, como a famigerada revisão constitucional. Será que o PR já pensou nos custos desta operação?
9. Acabar com a robalheira dos governos municipais. Chega de cobrar taxas por serviços que não nos são providos. (Porquê cobrar taxa de lixo a moradores de Nkobe que nunca beneficiaram de serviços autarquicos de recolha de lixo?)
10. Acabar, acabar e acabar.....
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